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sábado, 20 de abril de 2013

três e meia.

Eu imploro pra você ficar mais dez minutos, fica, até as três horas, e você diz que não, diz que precisa ir antes do trem passar, ah, eu preciso trabalhar... Eu te seguro, pelo braço, pela voz de choro, pela mão fria, ou com qualquer assunto que distraia, digo um monte de coisas, você sabe que eu sou maluca, e você sempre diz o mesmo, e é sempre assim. O trem sempre passa, e ainda ficamos ali, e as vezes não sei, se é eu que te seguro, ou é você que não quer ir, porque quando a gente quer ir mesmo, não importa o quanto somos puxados, a gente vai. Independente de quem seja. As vezes fico pensando se é eu ou é você que não quer ir.
Eu também tenho medo de não passar antes do trem, mas acho que já perdi, e é tarde de mais, o trem passou, e pior do que ele passar é justamente ele parar, no meio do caminho, tentando dar meia volta, tentando dar ré, voltar pro mesmo lugar... Quando eu tive a chance de ir embora, eu fiquei, achando que tudo ia ser como eu sonhava, assim como era com os outros, na tv, ou no inferno, em qualquer lugar, quando eu tive a chance de passar, eu fiquei, e o trem apitou, aquele barulho insuportável, dizendo, vem, passa logo sua louca, tem muito mais do outro lado, mas eu fiquei, e logo falei que se não desse nada certo, que se não fosse dessa vez, eu passava depois que o trem fosse embora, passava antes de vir outro, mas ... o trem parou. Passar por cima, ou cortar caminho é ariscado de mais, tenho a chance de perder os dois lados, o lado de cá, o lado de lá, mas eu também não quero ir. É como aconteceu, alguma coisa me diz, vai, fica até as três, ele vai aparecer de novo.